segunda-feira

Senhor das núpcias

A parábola das dez virgens surpreende-me pela sua beleza, mas deixa-me estupefacta pela dureza das Tuas palavras. Dez virgens… dez lâmpadas cheias… dez lâmpadas vazias… dez esperas para o encontro e surpresas sucessivas… a alegria do encontro cria ansiedade… gera partilha…
Prudência e imprudência, marcam o desafio proposto nesta parábola… Vigilância e Fé são sinais de que a espera do Esposo tem de ser bem preparada…
Eu sei, Senhor, que a salvação é um caminho longo a percorrer e nunca nos salvamos sós, mas sempre em comunhão. Quando oiço e medito esta Palavra, parece que estás a meter medo, pois basta o mais pequeno descuido, o mais pequeno atraso na vida pode por em causa a minha entrada no Reino. Mas, pergunto-me: como pode ser, se és o Esposos mais amável, mais fiel, mais misericordioso, mais bom e manso?
Preciso de perceber o contexto onde pronuncias estas palavras. Palavras de vigilância, de espevitar a Fé, de tomar consciência da relação contigo, de viver a mais profunda intimidade contigo experimentando o teu amor.
A sabedoria da vida tem de ser calibrada para se saber discernir adequadamente o percurso da caminhada de Fé.
Um simples azeite… uma lâmpada singela… mas um cansaço incontornável…
Tudo parece desmoronar-se no encontro com o Esposo se deixo de estar atenta e desperta para escutar as Tuas pertinentes e exigentes palavras de vida. A minha lâmpada perde tantas vezes o vigor e deixo-me dormir… Deixo de ter luz e Tu és a Luz que tanto preciso para não deixar avançar as trevas das minhas escuridões tão frequentes…
Tu, és o dom do Pai, o Esposo Celeste que me ofertas o diadema e com amor me colocas a aliança de um amor sempre fiel. Quero saborear a doçura das Tuas Palavras, quero estar vigilante e atenta para manter firme e constante a minha fidelidade esponsal.
A minha lâmpada de nada serve estar preparada se não vivo fortalecida e alimentada pela oração e pelo contacto mais profundo com a Tua Palavra que espevita a minha Fé e faz arder em mim a Caridade. Lâmpada acesa, azeite na almotolia, disposição interior para caminhar nas sendas do Teu amor. A luz da minha lâmpada tem de deixar resplandecer o brilho da beleza do teu Rosto.
Senhor das núpcias, não deixes amortecer a minha chama, quando estiver adormecida, espevita-a com o azeite do Teu amor. Não quero esquecer o compasso que marca a música do baile do encontro contigo. Que a ginástica do meu espírito me eleve a alma para a experiência das bodas. Que a vigilância do coração perceba que alguma coisa vai acontecer e que Tu virás a qualquer hora.

Reabre os meus ouvidos à Tua Palavra para adquirir a sabedoria que se deixa encontrar por quem a procura e se dá a conhecer a quem a deseja… que neste percurso eu encontre a Tua humildade e me incline para acolher o Teu perdão e me sente à Tua mesa saciando-me na comunhão de bens contigo.
Aceita Senhor das núpcias, a minha lâmpada acesa com perseverança, com constância e com fidelidade. Que em mim não haja espaço para o esquecimento e o descuido. Que seja sempre prudente e me prepare em cada dia para um encontro transbordante do azeite da Fé. 

sexta-feira

O mundo precisa de novos evengelizadores

Milhares de participantes no primeiro encontro de novos evangelizadores

 Milhares de pessoas em festa acolheram o Papa Bento XVI na Sala Paulo VI, durante o primeiro encontro promovido pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, no último sábado, com o tema “Novos evangelizadores para a nova evangelização: a Palavra de Deus cresce e se multiplica” (At 12,24). Depois de uma sessão matutina de trabalhos, os responsáveis pelas realidades eclesiais para a nova evangelização se reuniram na grande sala do Vaticano desde as quatro da tarde.
Foram recebidos pelo presidente do dicastério organizador, o arcebispo Rino Fisichella, e escutaram testemunhos de nova evangelização, a apresentação do projeto Aleteia e um concerto do tenor Andrea Bocelli.
Às 18h30, o papa entrou na sala em meio à ovação dos presentes, que agitavam bandeiras das suas comunidades. O pontífice, visivelmente contente, se dirigiu a todos os envolvidos “na difícil tarefa da nova evangelização” e destacou que o tema do encontro provém da afirmação do evangelista Lucas nos Atos dos Apóstolos: “A Palavra de Deus crescia e se multiplicava”.

“Vocês mudaram o tempo dos dois verbos para evidenciar um aspecto importante da fé: a certeza consciente de que a Palavra de Deus está sempre viva, em todos os momentos da história, até os nossos dias, porque a Igreja a atualiza através da sua fiel transmissão, a celebração dos Sacramentos e o testemunho dos que crêem”.
E prosseguiu dizendo que também hoje a Palavra de Deus “pode encontrar rejeição, modos de pensar e de viver que estão longe da busca de Deus e da verdade”.
“O homem contemporâneo está confuso e não consegue encontrar respostas para tantas perguntas que agitam a sua mente sobre o sentido da vida e as questões do profundo do seu coração”, constatou. Mas ele “não pode fugir dessas perguntas que afetam o significado de si mesmo e da realidade; ele não pode viver numa só dimensão”.
“Não por acaso, ele é afastado da busca do essencial da vida, enquanto lhe é proposta uma felicidade efêmera, que o contenta só um instante, mas logo deixa tristeza e insatisfação”.
Três motivos
“Apesar desta condição do homem contemporâneo, podemos afirmar com certeza, como nos começos do cristianismo, que a Palavra de Deus continua crescendo e se difundindo”, reconheceu. “Por quê? Queria destacar pelo menos três motivos”.
Em primeiro lugar, “a força da Palavra não depende da nossa ação, dos nossos meios, do nosso fazer, mas de Deus, que esconde o seu poder sob os sinais da fragilidade”.
“O segundo motivo é que a semente da Palavra, como narra a parábola evangélica do semeador, cai também hoje num terreno bom, que a acolhe e dá fruto. E os novos evangelizadores fazem parte desse campo que permite ao Evangelho crescer em abundância e transformar a própria vida e a dos outros”.
“O terceiro motivo é que o anúncio do Evangelho chegou de verdade aos confins do mundo e, mesmo em meio à indiferença, à incompreensão e à perseguição, muitos continuam, ainda hoje, com valentia, abrindo o coração e a mente para acolher o convite de Cristo a encontrá-lo e virar seus discípulos. Eles não fazem barulho, mas são como o grão de mostarda”.
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O pontífice vê “esperança no incessante fermento missionário que anima a Igreja”, mas também pede “um renovado senso de responsabilidade com a Palavra de Deus e a difusão do Evangelho”.
O Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, instituído por Bento XVI em setembro de 2010, “é um instrumento precioso para identificar as grandes questões dos diversos setores da sociedade e da cultura contemporânea. Esse dicastério deve oferecer uma ajuda particular à Igreja na sua missão, ainda mais nos países de antiga tradição cristã, que parecem indiferentes, quando não hostis à Palavra de Deus”.
“O mundo de hoje precisa de gente que anuncie que Cristo nos ensina a arte de viver, o caminho da verdadeira felicidade, porque é Ele mesmo o caminho da vida; pessoas que olhem fixamente para Jesus, o Filho de Deus. A palavra do anúncio deve ter uma relação intensa com Ele, numa intensa vida de oração.”
“Tenho certeza de que os novos evangelizadores se multiplicarão cada vez mais para dar vida à verdadeira transformação de que o mundo atual precisa. Só através dos homens e das mulheres impregnados da presença de Deus é que a Palavra de Deus continuará o seu caminho no mundo dando frutos.”
“Sejam sinais de esperança, capazes de olhar para o futuro com a segurança do Senhor, que venceu a morte e nos deu a vida eterna. Comuniquem a todos a alegria da fé com o entusiasmo que provém do Espírito Santo, porque Ele torna novas todas as coisas.”

A Missão...

A MISSÃO É SERVIÇO
Por Dom Orani João Tempesta

Quando lemos os Evangelhos, ainda ficamos surpresos diante da acolhida que as multidões reservam para Jesus. Havia dias em que o Mestre não tinha um momento de paz: as pessoas vinham de toda parte para ouvir sua palavra. Os testemunhos dos Evangelhos dizem unanimemente que era principalmente a sua palavra que encantava as multidões, e as pessoas aproximavam-se Dele principalmente para ouvi-Lo.

Jesus anunciava de maneira nova aquilo que já estava inspirado e colocado por escrito na Bíblia. Basta pensar no Evangelho do domingo passado, quando Jesus responde à pergunta sobre o maior mandamento ao citar as palavras da lei judaica: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração!” (cf. Mt 22,27; Deuteronômio 6,5). Parece que as multidões estavam cansadas de muitas palavras que ouviam nas sinagogas todos os sábados e, ao invés disso, vieram até Jesus porque Ele "os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas" (Mateus 7, 29). Precisamente esta última referência revela o segredo de Jesus – Ele falou "como quem tem autoridade". Havia uma autoridade em seus discursos novos e inesperados, que os escribas e fariseus não possuíam. O último fato – como o próprio Jesus diz no Evangelho deste domingo (Mt 23,1-12) – "dizem e não fazem; atam fardos pesados ​​e os põem aos ombros dos homens, mas eles não querem movê-los com um dedo". E eles perderam a sua autoridade, porque só falam "para serem vistos pelos homens", sem realmente acreditar no que diziam. É uma dura palavra que ressoa até hoje em nossos ouvidos e nos questiona profundamente.

Esta é uma crítica muito dura que Jesus dirige ainda hoje a todos nós, pois Jesus nos exorta para não criticarmos os outros, mas para examinarmos a nós mesmos: de fato continua seu discurso dizendo "você" e não "eles" ("não sejais chamados Rabi! E não sejais chamado de mestres" - Mt 23,8.10).

Da mesma forma que aconteceu naquela época aos escribas e fariseus, mas não aconteceu com Jesus, Ele falava com autoridade porque Ele dizia e fazia. Estamos lendo a confirmação do Evangelho deste domingo, quando Ele recomenda aos seus discípulos para ser servos uns dos outros: "o maior entre vós será vosso servo" (Mateus 23, 11). Todos sabemos que Jesus, num gesto de doação, lava os pés dos seus discípulos, e, com esse gesto, resume o serviço de doação que tantas vezes Ele recomendou e que Ele vai cumprir depois de algumas horas na cruz.

De fato, Jesus disse e fez: ele falou com autoridade porque acreditava profundamente no que dizia e diz para nós até hoje. Ainda ressoa em meus ouvidos as palavras do Servo de Deus, o Papa Paulo VI, quando escreveu sobre a evangelização: “os homens de hoje escutam muito mais as testemunhas que os mestres, e se escutam os mestres é porque são testemunhas”. Aí está o grande segredo de todo trabalho e toda pregação, seja nas igrejas, seja nas praças, seja pelos meios de comunicaçao e até mídias sociais: ser testemunha daquilo que se fala. O segredo da missão evangelizadora está na pessoa que atua! Por isso o texto do evangelho deste domingo nos questiona profundamente e nos exorta a dar passos concretos na direção de uma vida coerente e transparente. E este é o milagre: que possamos renovar e devolver um sentido de coerência para as muitas palavras que trocamos e pregamos todos os dias.

Eu sou daqueles que dizem e não fazem? A palavra de Deus queima os lábios se é mal pronunciada, mas ela queima também se é pronuncida e não é vivida. Realmente, o que anuncio é porque as palavras são eco de um fogo de vida no Espírito Santo que arde dentro de mim? Precisamos ouvir o Senhor, para depois, vivendo com alegria a Boa Nova, anunciar aos irmãos e irmãs.

Podemos perceber no Evangelho algumas situações que esvaziam nossas vidas e que deveriam ser mudadas em nosso dia a dia. Uma situação é a hipocrisia: digo e não faço. A incoerência de vida diante do que falamos sem vivenciarmos com simplicidade e coerência a Palavra de Deus. Outra situação é a vaidade: tudo fazem para serem admirados. O objetivo é conseguir fama e nada mais. Não é um serviço ao Reino de Deus. A vaidade torna o interior vazio. Ainda uma outra situação: o gosto do poder: impõem cargas pesadas a todos. O Evangelho oferece alguns caminhos de mudança: em vez de aparecer, agir secretamente; a simplicidade ao invés da duplicidade, o serviço ao invés do poder. O maior mandamento, diz Jesus, é "Amarás" e na liturgia de hoje acrescenta: o maior entre vós será vosso servo.

Ao celebrarmos, concomitantemente, o Dia Nacional da Juventude, é bom lembrar que a juventude dá muito valor à autenticidade evangélica. A juventude quer líderes que tenham coerência na pregação e na ação. Notamos isso pelos movimentos que espoucam por todos os cantos do mundo e também em nosso país, exigindo coerência e transparência. Aquele que é o Senhor e Salvador de todos escolheu o caminho do servo: está aos pés de todos, é o servidor que lava os pés dos discípulos. Aquele que é Deus connosco cinge uma toalha e quer curar todas as feridas da terra. Servo sem igual! E se deve haver uma hierarquia na Igreja, será invertida em relação às normas da sociedade sobre a terra: “vocês são todos irmãos”. E, em seguida, inverteu novamente, por Cristo, que se tornou irmão, mas depois se tornou o último dos irmãos. Jesus muda a raiz do poder. Nosso Senhor Jesus Cristo revela que todo homem é capaz de poder, se ele é capaz do serviço.

Todos nós que buscamos entender a sociedade hodierna e encontramos caminhos para uma convivência pacífica entre os povos temos na Palavra deste domingo um bom caminho a seguir: Serviço. Este é o nome secreto da civilização do amor, porque este é o estilo que Deus escolheu.

Dom Orani João Tempesta é arcebispo do Rio de Janeiro.

Em partilha...

NOVA EVANGELIZAÇÃO… MOVIMENTO EUCARÍSTICO DE LEIGOS … FLORINHAS DO SACRÁRIO
AS PROMESSAS DAS FLORINHAS DO SACRA̒RIO
No dia 28 de Agosto, fizeram as suas promessas cerca de 45 crianҫas vindo das paróquias do Sagrado Coraҫão de Jesus, Lobito e Nossa Senhora da Graҫa, Benguela.
A cerimónia ocorreu na paróquia do Sagrado Coraҫão de Jesus, Lobito na missa com crianҫas das 10.30 presidida pelo vigário paroquial padre Vissimilo. Este evento congregou as florinhas de Benguela e Lobito isto é, a paróquia do compão, paróquia São José- Damba Maria, Nossa Senhora da Graҫa e Sagrado Coraҫão de Jesus. Foi muito lindo pois a paróquia ficou colorida de azul e branco, o uniforme das florinhas. Estiveram presentes nesta ocasião os pais das crianҫas que fizeram as suas promessas, sobre tudo, os do Lobito.
Recuando um pouco, gostaria de contar a nossa viagem de Benguela para Lobito. Pelo número das crianҫas, foi preciso solicitar um autocarro da empresa do transporte- SGO, para viajarmos em condiҫões. Depois de todos acertos, a recolha das crianҫas comeҫou as 8h na Damba Maria, a seguir, Aldea das crianҫas orfãs e a última estaҫão foi na sede paroquial da Graҫa. Chegamos no Lobito as 9.30. Tínhamos que esperar para que terminasse a missa com os adultos para poder iniciar a nossa missa. As florinhas do compão e Sagrado coraҫão de Jesus animaram muito bem a liturgia sob a orientaҫão da Irmã Esmeraldina. As florinhas ocuparam um lado da Igreja enquanto os pais e outras crianҫas da paróquia ocuparam o outro lado.
A igreja estava cheia! Na sua homilia Sr. Pe. Vissimilo falou às crianҫas sobre a importância de se enquadrarem nos movimentos da Igreja, não basta a catequese. Depois da homilia, seguiu-se as promessas, a bênҫão e a entrega dos lenҫos enquanto o grupo cantava o hino das florinhas. Além das irmãs que trabalham directamente com as florinhas, estiveram presentes também as Irmãs Odete,Aida, Juliana e as postulantes Itaclaria e Angelina.
Todas elas ajudaram bastante na organizaҫão das crianҫas. Depois da Eucaristia, seguiu-se o almoҫo de confraternizaҫão e tarde recreativa.As crianҫas se divertiran com danҫas, cantos e brincadeiras. As 15h, houve corte do bolo para culminar a festa, e as 15.30, chiegou o nosso autocarro para o regresso à Benguela. No regresso, passamos pela restinga praia, compão, Bambus- Catumbela; para que as crianҫas apreciassem algumas zonas turísticas. Foi uma linda experiência para elas, pois, algumas não conheciam Lobito nem Catumbela. Agradecemos as irmãs que trabalham com as florinhas por esta iniciativa e a todos que fizeram com que este dia fosse uma maravilha.
Paróquia São José – Damba Maria
No dia 11 de Setembro na missa Dominical, fizeram as suas promessas 28 crianҫas das florinhas do Sacrário. A missa iniciou as 7.30, presidida pelo vigário paroquial, Padre Figueira. Estiveram presentes todos os cristãos da paróquia e as florinhas da paróquia vizinha, Nossa Senhora da Graҫa. A liturgia foi animada pelo grupo coral da paróquia.
O grupo, de momento, conta com 45 membros actives e 10 aspirantes. Depois da liturgia Eucarística, deslocamo-nos para a comunidade Santo António - Cavaco onde houve a segunda parte da festa, “ liturgia do estômago”.

Parabéns às nossas crianҫas. “Quem é fiel nas coisas pequenas, será também fiel nas coisas grandes…” rezemos por elas para que sejam fiéis às suas promessas, pois, permanecendo fiéis nas coisas pequenas serão fiéis no futuro nos compromissos maiores da vida.

IR BEATRICE    

Igreja na África...

Igreja na África: O anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento
Papa recebe bispos de Angola e São Tomé por ocasião da visita "Ad Limina Apostolorum".
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 3 de novembro de 2011 (zenit.org).- A dedicação ao serviço do desenvolvimento procede da transformação do coração, e a transformação do coração só pode vir da conversão ao Evangelho, afirmou o Papa ao receber os bispos de Angola e São Tomé em visita Ad Limina.
Senhor Cardeal,
Amados Irmãos no episcopado e no sacerdócio!
Na alegria da fé, cujo anúncio é o nosso serviço comum de Pastores, dou-vos as boas-vindas a este nosso encontro por ocasião da vossa visita ad limina Apostolorum. Esta tem lugar depois da minha visita a Luanda, em Março de 2009, durante a qual pude encontrar-me convosco e, convosco, celebrar Jesus Cristo no meio dum povo que não se cansa de O procurar, amar e servir com generosidade e alegria. Guardo aquele povo no coração e, de certo modo, esperava a vossa vinda para ter notícias dele. Agradeço a D. Gabriel Mbilingi, Arcebispo de Lubango e Presidente da Conferência Episcopal, a apresentação das vossas comunidades, com seus desafios e esperanças na hora presente e com as forças e favores de que o Céu as dotou. A vossa entreajuda fraterna, a solicitude pelo povo de Deus em Angola eem São Tomée Príncipe, a união com o Papa e o desejo de permanecerdes fiéis ao Senhor são para mim fonte de profunda alegria e sentida acção de graças.
Vós, amados Irmãos, em virtude da missão apostólica recebida, estais habilitados para introduzir o vosso povo no coração do mistério da fé, encontrando a pessoa viva de Jesus Cristo. Na esperança de «fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo» (Motu proprio Porta fidei, 2), decidi proclamar um Ano da Fé, para que a Igreja inteira possa oferecer a todos um rosto mais belo e credível, transparência mais clara do rosto do Senhor. De facto, «enquanto Igreja – como justamente salientou a Segunda Assembleia para a África do Sínodo dos Bispos, cujos frutos, sob a habitual forma de Exortação Apostólica, espero poder confiar a todo o povo de Deus na minha próxima visita ao Benim –, o nosso primeiro e mais específico contributo para o povo africano é a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, uma vez que o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento. De facto, a dedicação ao serviço do desenvolvimento procede da transformação do coração, e a transformação do coração só pode vir da conversão ao Evangelho» (Mensagem final, 15). Este não oferece «uma palavra anestesiante, mas desinstaladora, que chama à conversão, que torna acessível o encontro com Cristo, através do qual floresce uma humanidade nova» (Exort. Verbum Domini, 93).
Na verdade, os cristãos respiram o espírito do seu tempo e sofrem a pressão dos costumes da sociedade em que vivem; mas, pela graça do Baptismo, são chamados a renunciar às tendências nocivas imperantes e a caminhar contra-corrente guiados pelo espírito das Bem-aventuranças. Nesta linha, queria abordar três escolhos, onde naufraga a vontade de muitos santomenses e angolanos que aderiram a Cristo. O primeiro é o chamado «amigamento», que contradiz o plano de Deus para a geração e a família humana. O reduzido número de matrimónios católicos, em vossas comunidades, indica uma hipoteca que grava sobre a família, cujo valor insubstituível para a estabilidade do edifício social conhecemos. Ciente deste problema, a vossa Conferência Episcopal escolheu o matrimónio e a família como prioridades pastorais do triénioem curso. Que Deuscubra de frutos as iniciativas a bem desta causa! Ajudai os casais a adquirir a maturidade humana e espiritual necessária para assumirem de modo responsável a sua missão de esposos e pais cristãos, recordando-lhes que o seu amor esponsal deve ser único e indissolúvel como a aliança entre Cristo e a sua Igreja. Este tesouro precioso deve ser salvaguardado, custe o que custar.
Um segundo escolho na vossa obra de evangelização é o coração dos baptizados ainda dividido entre o cristianismo e as religiões tradicionais africanas. Aflitos com os problemas da vida, não hesitam em recorrer a práticas incompatíveis com o seguimento de Cristo (cf. Catecismo da Igreja Católica, 2117). Efeito abominável é a marginalização e mesmo o assassinato de crianças e idosos, a que são condenados por falsos ditames de feitiçaria. Lembrados de que a vida humana é sagrada em todas as suas fases e situações, continuai, queridos bispos, a levantar a vossa voz a favor das suas vítimas. Mas, tratando-se dum problema regional, convinha um esforço conjunto das comunidades eclesiais provadas por esta calamidade, procurando determinar o significado profundo de tais práticas, identificar os riscos pastorais e sociais por elas veiculados e chegar a um método que conduza à sua definitiva erradicação, com a colaboração dos governos e da sociedade civil.
Por último, queria referir os resquícios de tribalismo étnico palpáveis nas atitudes de comunidades que tendem a fechar-se, não aceitando pessoas originárias doutras partes da nação. Expresso o meu apreço àqueles de vós que aceitaram uma missão pastoral fora dos confins do seu grupo regional ou linguístico, e agradeço aos sacerdotes e às pessoas que vos acolheram e ajudaram. Na Igreja, como nova família de todos os que acreditam em Cristo (cf. Mc 3, 31-35), não há lugar para qualquer tipo de divisão. «Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milénio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo» (João Paulo II, Carta Novo millennio ineunte, 43). Ao redor do altar, reúnem-se homens e mulheres de tribos, línguas e nações diversas, que, partilhando o mesmo corpo e sangue de Jesus-Eucaristia, se tornam irmãos e irmãs verdadeiramente consanguíneos (cf. Rm 8, 29). Este vínculo de fraternidade é mais forte do que o das nossas famílias terrenas e o das vossas tribos.
Gostava de concluir estas minhas considerações, com algumas palavras que pronunciei ao chegar a Luanda, na referida visita: «Deus concedeu aos seres humanos voar, sobre as suas tendências naturais, com as asas da razão e da fé. Se vos deixardes levar por elas, não será difícil reconhecer no outro um irmão que nasceu com os mesmos direitos humanos fundamentais». Sim, amados Pastores de Angola e de São Tomé e Príncipe, formais um povo de irmãos, que daqui abraço e saúdo. Levai a minha sudação afectuosa a todos os membros das vossas Igrejas particulares: aos bispos eméritos, aos sacerdotes e seminaristas, aos religiosos e religiosas, aos catequistas e animadores dos movimentos e a todos os fiéis leigos. Enquanto os confio à protecção da Virgem Maria, tão amada nas vossas nações nomeadamente no santuário de Mamã Muxima, de coração concedo a todos a Bênção Apostólica.

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